José Teodoro Costa
A
maioria de nós negros se apropriaria mais facilmente da cidadania a que temos
direito se conhecêssemos nossa própria História e se tal conhecimento fosse
complementado com estudos sociais, psicológicos, antropológicos e culturais
sobre como se deu nossa caminhada desde quando o primeiro navio tumbeiro trouxe
a primeira leva de africanos até os dias de hoje.
O
começo desse conhecimento da nossa própria História implicaria em sermos
alfabetizados sem a predominância de vieses eurocêntricos, isto é,
aprenderíamos,, sim a História dos colonizadores, mas sem aquela necessidade
imperativa de fazer da cultura colonizadora a única possível no mundo.
Sabe-se
que a escravidão é que viabilizou a colonização do Brasil pelos portugueses
perante as realidades econômicas contemporâneas desse início de trabalho
escravo. Por outro lado sabe-se também que não há como “passar a borracha”
naquilo que o Mundo e o Brasil produziram em termos de economia capitalista
primitiva e constantemente “aprimorada”, assim como da organização social e
política resultante daquela realidade produtiva até agora.
O
bom senso e a honestidade intelectual recomenda reconhecer também que as
consequências do regime escravo colonial, os problemas gerados e permanentemente
não resolvidos, assim como a falta crônica de compromisso do Estado brasileiro com
os negros por várias décadas após o fim do regime escravo não serão corrigidas
renegando o regime de livre mercado e abraçando de olhos fechados as ideologias
comuno-socialistas. É que tanto o Capitalismo quanto o comuno-socialismo tem
virtudes inegáveis, mas também defeitos irreconciliáveis com os valores
fundamentais da vida humana.
Assim
o melhor a fazer é se radicalizar na defesa de princípios democráticos e o mais
urgente deles é ser militante de causas negras baseadas em valores universais
da vida humana.
Quem
há de negar que uma pessoa capaz de exercer com responsabilidade sua liberdade de
escolhas e ao mesmo tempo defender e levar esse direito às outras pessoas não é de fato
um cidadão?
A
pergunta formulada anteriormente nos remete diretamente a outras três questões
fundamentais na superação paulatina do racismo no Brasil. 01- Nós brasileiros,
negros ou não, ainda não somos tão cidadãos na real acepção desse conceito como
nos consideramos ser; consequentemente; 02 - O racismo na sociedade brasileira é,
obrigatoriamente, problemas de brasileiros negros e brancos; 03 – O Racismo Institucional
tem que ser atacado permanentemente por todos aqueles que consideram a
intolerância racial contra negros uma coisa abominável, porque ele (o racismo
institucional: http://digiartesgraficas.blogspot.com.br/2014/11/brasil-negro-e-combate-ao-racismo.html
) é quem dá permissão para se
discriminar negros.
Portanto
tarefa mais urgente que temos é disseminar as práticas cidadãs, formando
disseminadores e multiplicadores de cidadania e isso começa dentro da casa de
cada um de nós, com abordagens sobre assuntos que fazem parte do dia-a-dia de
cada um, para, depois, chegar aos nossos vizinhos, à nossa rua, ao nosso bairro
e assim sucessivamente. (cont. parte 02)
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