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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Os Negros se Tornando Cidadãos; parte 01

José Teodoro Costa
A maioria de nós negros se apropriaria mais facilmente da cidadania a que temos direito se conhecêssemos nossa própria História e se tal conhecimento fosse complementado com estudos sociais, psicológicos, antropológicos e culturais sobre como se deu nossa caminhada desde quando o primeiro navio tumbeiro trouxe a primeira leva de africanos até os dias de hoje.
O começo desse conhecimento da nossa própria História implicaria em sermos alfabetizados sem a predominância de vieses eurocêntricos, isto é, aprenderíamos,, sim a História dos colonizadores, mas sem aquela necessidade imperativa de fazer da cultura colonizadora a única possível no mundo.
Sabe-se que a escravidão é que viabilizou a colonização do Brasil pelos portugueses perante as realidades econômicas contemporâneas desse início de trabalho escravo. Por outro lado sabe-se também que não há como “passar a borracha” naquilo que o Mundo e o Brasil produziram em termos de economia capitalista primitiva e constantemente “aprimorada”, assim como da organização social e política resultante daquela realidade produtiva até agora.
O bom senso e a honestidade intelectual recomenda reconhecer também que as consequências do regime escravo colonial, os problemas gerados e permanentemente não resolvidos, assim como a falta crônica de compromisso do Estado brasileiro com os negros por várias décadas após o fim do regime escravo não serão corrigidas renegando o regime de livre mercado e abraçando de olhos fechados as ideologias comuno-socialistas. É que tanto o Capitalismo quanto o comuno-socialismo tem virtudes inegáveis, mas também defeitos irreconciliáveis com os valores fundamentais da vida humana.
Assim o melhor a fazer é se radicalizar na defesa de princípios democráticos e o mais urgente deles é ser militante de causas negras baseadas em valores universais da vida humana.
Quem há de negar que uma pessoa capaz de exercer com responsabilidade sua liberdade de escolhas e ao mesmo tempo defender e levar esse direito às outras pessoas não é de fato um cidadão?
A pergunta formulada anteriormente nos remete diretamente a outras três questões fundamentais na superação paulatina do racismo no Brasil. 01- Nós brasileiros, negros ou não, ainda não somos tão cidadãos na real acepção desse conceito como nos consideramos ser; consequentemente; 02 - O racismo na sociedade brasileira é, obrigatoriamente, problemas de brasileiros negros e brancos; 03 – O Racismo Institucional tem que ser atacado permanentemente por todos aqueles que consideram a intolerância racial contra negros uma coisa abominável, porque ele (o racismo institucional: http://digiartesgraficas.blogspot.com.br/2014/11/brasil-negro-e-combate-ao-racismo.html )  é quem dá permissão para se discriminar negros.
Portanto tarefa mais urgente que temos é disseminar as práticas cidadãs, formando disseminadores e multiplicadores de cidadania e isso começa dentro da casa de cada um de nós, com abordagens sobre assuntos que fazem parte do dia-a-dia de cada um, para, depois, chegar aos nossos vizinhos, à nossa rua, ao nosso bairro e assim sucessivamente. (cont. parte 02)

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