O Racismo Institucional
na História do Brasil
(José Teodoro Costa)
A mais
simples forma de conceituar o “racismo institucional” é considerá-lo como
“tratamento diferenciado praticado por agentes públicos, com a conivência
desses órgãos públicos aos quais tais agentes estão subordinados, contra grupos
sociais com aparências físicas subentendidas como diferentes de outros e em
benefícios desses outros”.
Confirma-se
a existência da matriz de discriminação negra por intermédio do racismo
institucional no Brasil com as proibições de trabalhos escravos na confecção de
sapatos (1813) e na venda de calçados (1821). Na Província da Bahia o Governo
Provincial proibia que escravos trabalhassem como auxiliares ou oficiais
artesãos nas ruas (1831).
A matriz da
estratégia discriminatória contra negros, promovida e aprimorada pelo Estado
Brasileiro, de forma ininterrupta desde o Primeiro Império, passou pelo Segundo
Império. Por intermédio de acertos políticos entre adeptos da Monarquia
(Conservadores) e Republica (Liberais), continuou após o fim da escravidão,
atravessou os reinados de D Pedro I, de D. Pedro II, a República Velha e ainda
faz parte da atualidade cultural da sociedade com hegemonias política e
econômica decisórias na atual realidade nacional.
Essas
estratégias de discriminações institucionais contra negros, promovidas pelo
Estado Brasileiro, fizeram parte durante tanto tempo na vida social do País,
que acabaram se incorporando de forma automática à cultura impensada ou
ignorada com que a sociedade privilegiada por elas tratam os negros, em casos
de conflitos reais ou imaginários de seus interesses e frequentemente produzem
discursos contraditórios e pretensamente democráticos.
Se o racismo
institucional foi historicamente viabilizado pelo Estado brasileiro por longo
período histórico, por intermédio de suas instituições em cujas gerências o
acesso é feito por meio de processos políticos, somente Movimentos Negros
nacionais, representados por lideranças capazes de construírem suas
legitimidades políticas terão chances reais de virarem essa página histórica
longa e desagradável escrita sobre a vida do negro brasileiro. A organização da
união de pelo menos 5% daqueles que se auto definem como negros já formará u’a
massa crítica política capaz de impor algum respeito à sociedade brasileira, porque
significará cerca de 6 milhões de votos capazes de influir no surgimento de uma
reforma político-partidária amplamente necessária e facilitar as negociações
políticas paulatinas das nossas lutas negras antirracistas.
Isto exigirá
a renúncia de discursos políticos engajados difíceis de serem entendidos e a
adoção de discursos formadores de lideranças políticas dispostas a “ouvir”,
“respeitar” e “ajudar sinceramente” esses mesmos negros-massa nas suas
necessidades auto percebíveis.
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