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domingo, 21 de junho de 2015

Argumentos contra racismo Nº 01

Saiba Responder aos Argumentos Racistas Contra Negros
Lendo uns textos sobre a questão do negro no Brasil, acabei caindo na besteira de ler os comentários feitos pelos leitores. A raiva tomou conta de mim (rs) e para não ficar debatendo com gente besta no meu dia, resolvi escrever no word para liberar meus sentimentos de revolta. É informal, ficou gigante, ninguém vai ler, mas fica minha contribuição enquanto mulher negra inconformada neste dia 20.

“A questão é social, e não racial.”

Não, a questão é social e racial, pois após o fim da escravidão não houve nenhuma política trabalhista e educacional que incluísse os negros. Ao contrário, estimularam a vinda de imigrantes europeus para Brasil numa tentativa de embranquecer a população, afinal, um país com tantos negros jamais iria prosperar. Muitos ex-escravos continuaram trabalhando em troca de teto e comida por absoluta falta de opção. Posteriormente, foram desalojados dos cortiços nas áreas centrais, e empurrados para o alto dos morros e regiões não estratégicas economicamente, o que hoje chamaríamos de subúrbio ou áreas pobres. Portanto, é uma questão racial sim, pois fizeram isto com um grupo específico, com uma cor específica. Ou você acha que a maioria dos pobres e moradores de favela é negra por uma fatalidade?

“Sou contra as cotas raciais, pois não é justo. Para entrar, tem que ter mérito.”

Imagine que dois grupos farão uma corrida para ver quem chega primeiro. Sendo que o grupo 1 sairá alguns minutos a frente do grupo 2. Se a pessoa que ganhar for do grupo 1, haverá mérito? Não, ela foi favorecida. Ao longo da história, os brancos são o grupo 1 e os negros são o grupo 2. As cotas tentam minimizar esta diferença histórica, dando ao grupo 2 a mesma chance de vitória que o 1, considerando que eles estão começando em desvantagem. Assim, o primeiro colocado do grupo 2 na corrida, mesmo chegando depois de vários membros do grupo 1 também será considerado vencedor, pois obteve êxito dentro das condições objetivas que estavam postas.

“Meu primo é pobre, negro e se formou em Medicina. Quem se esforça, consegue, não precisa de cota!”

Parabéns pra ele! Voltando ao exemplo da corrida: é possível que alguém do grupo 2, mesmo iniciando a corrida minutos depois, passe a frente de alguém do grupo 1? É. Agora, parece mais justo exigir que todos do grupo 2 façam um esforço muito maior para alcançar o grupo que saiu primeiro, ou não seria melhor, dar possibilidades semelhantes aos dois grupos considerando o ponto de partida?

“A cota compromete a qualidade dos alunos da Universidade.”

Pesquisas já provaram que os alunos cotistas conseguem recuperar a defasagem da trajetória educacional, alguns têm um desenvolvimento até superior aos não cotistas. Além disto, o fato de existir cotas não quer dizer que semianalfabetos entrarão, continuará havendo uma nota de corte mínima para possibilidade de ingresso, assim como sempre existiu, a diferença é que será considerado o ponto de partida diferente.

“Sou contra as cotas raciais, pois vai gerar discriminação.”

Curioso que você só perceba o preconceito diante de uma ação afirmativa. Ir para seu curso em uma faculdade pública e só ver pessoas brancas não te remete à discriminação, mas quando uma política se propõe a colorir a Universidade, você fica preocupado com os negros cotistas que serão discriminados. Não se preocupe, vamos sobreviver.

“Sou a favor das cotas sociais e não raciais.”

As cotas raciais estão vinculadas ao estudo dos últimos três anos em colégio público e a renda também. O filho do Lázaro Ramos e da Taís Araújo não vai concorrer. É importante demarcar que a cota é também racial, pois a questão de classe é perpassada pela cor da pele, negar isto, é negar a história.

“E o branco pobre, quem irá defendê-lo?”

As cotas incluem três cortes: estudante de escola pública, negro/indígena e deficiente, e todos pressupõem análise socioeconômica, portanto, o branco pobre estará contemplado no primeiro corte.

“Sou a favor do investimento no ensino de base, não das cotas.”

As pessoas falam isto como se ser a favor de cotas significasse não pensar em investimentos no ensino fundamental e médio. Uma coisa não exclui a outra. Mas enquanto esse investimento não vem, fazcomo?

“Esse negócio de escravidão tem tanto tempo, superem o passado.”

Não superaremos, até porque ainda sofremos os impactos deste passado nos dias atuais.

“Já foi provado que só existe uma raça. A raça humana!”

Ninguém discorda deste fato, do ponto de vista biológico somos todos iguais (lindo!). Entretanto, na vida social, ainda temos muitos exemplos de que negros e brancos têm e tiveram, historicamente, oportunidade e inserções diferenciadas, e o debate é sobre isto.

“Vocês têm mania de dizer que tudo é preconceito.”

Verdade. O fato de o negro ganhar menos, ser mais parado pela polícia, ter dificuldade de pegar táxi, ter mais chance de morrer em decorrência da violência urbana, ser chamado de macaco e preto FDP em situações de conflito (ou cotidianas) é tudo coisa da nossa cabeça. Deve estar faltando senso de humor mesmo...

“O próprio negro é mais preconceituoso que o branco.”

Vivemos em uma sociedade preconceituosa, assim como existem negros discriminando negros, existem mulheres machistas, gays homofóbicos etc., introjetar o discurso dominante é um problema que tem que ser debatido, mas não é desculpa para pararmos de discutir as desigualdades entre brancos e negros no nosso país. E não existe embasamento para afirmar que os negros são mais preconceituosos, parece pretexto para tirar o foco da questão central.

“Fui chamado de branco azedo na escola, também sofri racismo.”

O fato de lutar pela visibilidade da desigualdade racial existente não quer dizer que desconsideramos os diversos tipos de preconceito: gordas, pessoas com sardas, baixinhas etc. também são alvo de piadas, e merecem visibilidade, mas aqui estamos falando de uma relação discriminatória que perpassa a forma de organização política, econômica e social do nosso país. É desde o apelido na escola, até oportunidades de inserção no Ensino Superior, passando por maior probabilidade de morte na juventude etc., ou seja, afeta todas as esferas da vida social desses sujeitos, que não por acaso, são negros. Gostaria de saber, Branco Azedo, quantas vezes você entrou no ônibus e as tias sentadas na frente abraçaram a bolsa e te olharam com espanto? Quantas vezes duvidaram da sua capacidade intelectual pela sua aparência? Quantas vezes foi o único revistado de um grupo? Quantas vezes você entrou numa loja e quase se ofereceu para ir ao estoque diante da indiferença da vendedora? Quantas vezes foi acompanhado pelo segurança das Lojas Americanas durante seu percurso pela loja? Pode até ter acontecido uma vez ou outra naquela fase em que você era fã do Eminem e adotou o gangsta style, mas pro seu amigo de turma, carinhosamente chamado de Tiziu, isto foi e é a vida dele.

“Vocês têm autoestima baixa.”

Confesso que ter autoestima elevada é uma luta árdua. Principalmente, quando aos 5 anos, você chama um amigo para brincar e ele diz que não brinca com negros. E depois você passa o resto da sua vida consumindo um padrão de beleza que não é o seu, sendo chamada de cabelo duro, ouvindo que seu nariz é muito grande e seus lábios grossos demais. É difícil, mas acredito que muitas pessoas conseguem ultrapassar o drama da fase escolar e construir uma percepção positiva de sua aparência. Isto não quer dizer que temos que aceitar piadas com nossos cabelos e com a cor da nossa pele. Justamente por ter adquirido autoestima elevada chamamos atenção para o preconceito e exigimos respeito.

“Acho desnecessário este feriado de Zumbi. Se fizessem o dia do orgulho branco, iam dizer que era preconceito...”

A ideia do feriado tem a ver com uma estratégia para dar visibilidade a questões de grupos socialmente discriminados. Como o branco, hétero, de classe alta nunca foi socialmente discriminado, não caberia um feriado, entendeu? O dia dele já é todo dia, no Brasil, há mais de 500 anos, tá bom não?

Parece cabelo de gente

“Agora sim, parece (parece cabelo de) gente”

Sou de descendência judia, e assim como muitas meninas negras, tenho um cabelo bem cacheado e volumoso, parecido com aqueles que eram usados nos anos 90. Minha mãe alisou meu cabelo quando eu tinha 10 anos, naquela época que se usava o formol forte (e por ser criança, não tinha muita consciência daquilo ao que me submeti). Hoje acho isso uma loucura e um absurdo.
Quando comecei a entrar na pré-adolescência, a química foi indo embora. Mas eu continuava a penteá-lo seco, tirava todos os cachos (que eu não sabia que existiam) e parecia um poodle. Eu achava que eu tinha cabelo de bruxa. Por que eu não podia ser bonita como as outras meninas? Eu prendia meu cabelo com milhões de gominhas.
Numa noite eu dormi com ele molhado e, na manhã seguinte, acordei com cachos! Eu não sabia: meu cabelo era cacheado! Só me lembrava dele liso, de quando fizera alisamento. Foi um choque. Minha mãe nunca me disse nada, e nós não tínhamos mais dinheiro pra pagar um alisamento.
Tentei aprender a manter os cachos como pude, mas nunca deu certo, ninguém nunca tinha me ensinado. Numa das últimas vezes que decidi e me submeti novamente a um alisamento, minha mãe falou: “Agora sim, parece gente.” Isso me marca muito. Uso chapinha desde os 12.
Agora tenho 18 e fiz novas tentativas (conversei com pessoas que me ensinaram o que fazer com meu cabelo), e dessa vez fui bem sucedida! Quero progredir até usá-lo cacheado todos os dias. Mas há vezes que ele ainda fica muito frizzado, com cachos indefinidos, e eu me sinto feia. Isso certamente me deixa muito triste. Espero, realmente, poder um ia olhar para o espelho e ter orgulho de quem eu sou, e de como meu cabelo é. Ele é uma forte marca da minha identidade, e parece que, quando eu o rejeito, estou rejeitando a mim mesma. E eu quero realmente me amar como sou.

E ah: minha mãe não é má. Na verdade, ela alisa o cabelo. Ela tinha o cabelo muito, mas muito mais crespo que o meu. Quando ela rejeita o meu cabelo, está rejeitando o dela. E isso é triste.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Assim é feita a cidadania ao alcance de todos


Companheiros e Companheiras; esta postagem do integrante - José Afonso Karibé - tem tudo a ver com os objetivos práticos que almejamos atingir com as atividades desse grupo.
Periferia, Organização Social, Cidadania e Voto
José Afonso Karibé
Estive no encontro organizado por jovens dos bairros Bom Jesus, Bela Vista, Sagrada Família,Estrelas, Conceição, Nova Viçosa, Posses, Betânia, Santa Clara (parte alta).
Um primor de organização e uma pauta muito atual e necessária.
Família, sociedade, educação, cultura, esporte, lazer, participação social e política e eleições municipais 2016.
Sou um dos quarenta convidados de Viçosa/MG, para contribuir com a discussão. 
Veja mais sobre isto em https://www.facebook.com/groups/363755440493063/permalink/386477238220883/
 

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