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segunda-feira, 20 de março de 2017

Uma releitura positiva do racismo estrutural; Quem essa negra pensa que é?;

Quem essa negra pensa que é?
Eu fui aquela que deixou de ser rainha para se tornar sua escrava.
O ser coisificado que você comprou para lhe servir.
Aquela forçada a ver o filho morrer de fome para amamentar o seu.
Eu fui aquela que gerou e criou sozinha o mulatinho, fruto da lascívia do sinhô.
Eu fui a "liberta", que sujeitou-se ao subemprego para sobreviver.
Aquela que depois de "liberta", voltou a ser escrava, analfabeta, na casa de família, sendo a "quase da família".
Eu fui a que atrasou-se 50 anos na educação, porque limpava sua casa enquanto sua filha, com a mesma idade, estudava e se formava.
Eu fui aquela objetificada, das ancas largas, da pele quente, do rebolado hipnotizante.
Fui a humilhada, do cabelo duro, do nariz chato, a macaca, a preta do saravá.
Eu fui a preterida, a boa de cama, amante das boemias, a amaldiçoada para casar.
Mas houve um dia...
E eu fui aquela que acordou.
A que cansou de ser a criada.
Hoje eu sou a que acorda todo dia empoderada para vencer.
Eu sou aquela que "roubou" a sua vaga na universidade.
Que chutou o subemprego.
Eu sou aquela que mete o dedo no seu nariz quando apita o desrespeito.
Aquela que descobriu o poder de sua história, o valor de sua cultura, a beleza de seus traços.
Eu sou aquela que o padrão não domina mais.
Que quebrou a corrente da senzala e te fez tremer na casa grande.
Somos todas aquela!

EU SOU A NEGRA QUE VOCÊ OLHA, MAS NÃO VÊ. EU SOU A NEGRA QUE VOCÊ NÃO QUER AQUI. EU SOU A NEGRA QUE VOCÊ VAI TER QUE ENGOLIR!

quinta-feira, 9 de março de 2017

Os Direitos e Deveres Universais e os Racismos Estrutural e Institucional



RACISMOS ESTRUTURAL E INSTITUCIONAL E OS DIREITOS E DEVERES UNIVERSAIS
(José Teodoro Costa)
Quem apenas adere, depois não pode reclamar daquilo que não ajudou modificar...
A única sociedade da qual pretas e pretos aceitam fazer parte de forma livre e espontânea só pode ser aquela que ativamente colaborarmos em construir. Fora isso apenas seremos coagidos a cumprir nossos deveres e aceitarmos as migalhas nas quais os racismos estrutural e institucional não tiverem interesses.
No Brasil, em se tratando de direitos e deveres universais das pessoas, enquanto nós, pretos e pretas, insistirmos em não aprender que existem direitos fundamentais coletivos, direitos setorizados coletivos e direitos pessoais, assim como deveres básicos coletivos, deveres setorizados coletivos e deveres pessoais, não conquistaremos nossos lugares às mesas de negociações onde eles são propostos, discutidos e decididos os interesses de todos os brasileiros. Concretamente direitos e deveres coletivos têm prioridades sobre direitos e deveres setoriais, que por sua vez têm prioridades sobre direitos e deveres pessoais.
Nestes casos sempre haverá contradições entre o que nós, pretos e pretas queremos e entre aquilo que nos será impostos.
Na minha opinião, Malcolm, King e Garvey nos ajudam, quando assimilamos suas mensagens.
A questão é que, às semelhanças existentes entre ambientes históricos e ambientes biológicos que, por sua vez estão subordinadas aos ambientes geográficos para efeitos de adaptações necessárias à sobrevivência, seja essa sobrevivência ligada ao ambiente social, cultural, econômico e político, se quisermos ser pretos e pretas capazes de exercitarmos nossas criatividades em organizações sociais, assim como, também, interferimos nas alterações culturais, econômicas e políticas,  é urgente que aprendamos valorizar as aquisições de informações e sermos capazes de formularmos nossas próprias opiniões para, assim, construímos conhecimentos pessoais e coletivos adaptados às necessidades coletivas nossas como pretos e pretas que precisam de aprender como se vive nos diversos ambientes brasileiros, sejam eles de natureza social, de natureza cultural, de natureza econômica e de natureza política.
A única sociedade da qual pretas e pretos aceitam fazer parte de forma livre e espontânea só pode ser aquela que ativamente colaborarmos em construir. Fora isso apenas seremos coagidos a cumprir nossos deveres e aceitarmos as migalhas nas quais o racismo estrutural não tiver interesse.
Portanto, companheiros e companheiras, procuremos expandir nossos respectivos níveis de informações e de conhecimentos, para, assim, melhorarmos as qualidades das ideias que tivermos e as qualidades das propostas que fazemos para discussões; assim poderemos chegar a conclusões adequadas às nossas necessidades coletivas de pretos e pretas.
Para retiradas de conclusões adequadas às necessidades pretas brasileiras, temos que aprendermos fazer ligações entre as várias informações que tivermos.
Sabendo interligar informações de forma adequada nos tornaremos cada vez mais hábeis em tirar ou ajudar em retiradas de conclusões e, assim, também, gerar novos conhecimentos adaptados às respectivas necessidades de usos e adaptadas ao que, de fato, precisamos.
Pretas e pretos, se quiserem, de fato, colaborarem na construção de uma sociedade menos desigual no Brasil, não têm outro caminho que não seja se informar, formar opinião, cultivar convicções baseadas em conhecimentos e terem a coragem de defenderem suas convicções e, mudando essas mesmas convicções pessoais somente quando estiver plenamente convicta de que não tem mais condições de defender suas posições perante a luz de novos fatos que desconhecia antes.
Sem convicções baseadas em conhecimentos caímos nos adesismos fáceis das ideologias, tanto da direita conservadora, quanto da esquerda ortodoxa avessa a militantes informados e, por isso mesmo, questionadores e mais aptos a levar as lutas mais adiante e de formas autônomas ...
 

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