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terça-feira, 24 de março de 2015

OS MOVIMENTOS NEGROS BRASILEIROS PRECISAM APRENDER SE MOSTRAR ÚTEIS, PARA SEREM OUVIDOS

OS MOVIMENTOS NEGROS BRASILEIROS PRECISAM APRENDER SE MOSTRAR ÚTEIS, PARA SEREM OUVIDOS
José Teodoro Costa
Os primeiros desafios que os adeptos das lutas negras antirracistas têm, para atingir o protagonismo político são construir um pensamento político capaz de interessar aos mais pobres, minimizar os conflitos de interesses entre integrantes de u’a mesma organização ou entre diferentes organizações de Movimentos sociais e políticos, estimularem a emergência de lideranças com raízes sociais e políticas fincadas em organizações negras e/ou afrodescendentes capazes de se mostrarem úteis nas soluções de problemas vividos pelos moradores de subúrbios e “quebradas” brasileiros.
 Por outro lado também os promotores dessas organizações precisarão, muitas vezes, para facilitar entendimentos entre diferentes organizações, conhecerem as realidades vividas pelos interessados em se organizarem, dar sugestões apropriadas a cada realidade presenciada, sugerirem propostas, estimularem discussões entre os interessados em se organizarem, sugerirem conclusões, ajudar na identificação daqueles pontos percebidos como convergentes entre os interessados e – importante – ajudar na construção de u’a pauta viável em novas discussões entre organizações diferentes.
  
Entendimentos numa organização somente se tornam possíveis, quando seus integrantes aprendem que - identificados os objetivos aceitos por todos – atingi-los é mais importante do que cultivar vaidades pessoais de sempre ver suas propostas pessoais saírem vencedoras.

Também é importante destacar que em reuniões que envolvem mais de duas organizações, são válidas as mesmas recomendações feitas na condução de reunião
entre membros de uma só associação, mas destacando que, neste caso, as reuniões são feitas entre membros representantes de diretorias de organizações diferentes. Neste caso somente constará da pauta aqueles pontos em que a maioria dos representantes de organizações diferentes está de acordo.

 Os demais pontos em desacordos ficam para serem discutidos em outras oportunidades e dentro de novas circunstâncias favoráveis aos possíveis entendimentos.

As lutas negras antirracistas, para ter seus interesses atendidos pelo Estado Brasileiro, terão que aprender a despertarem os interesses dos pobres em se organizarem socialmente para reivindicarem as satisfações dos seus interesses, aprender estimular o aparecimento de lideranças com raízes nessas e orientá-los nos mecanismos de controle político dessas lideranças políticas que os representam.

Por outro lado também esses promotores da cidadania dos pobres, já dispondo de um Pensamento Político para a Negritude brasileira, automaticamente terão todos os instrumentais necessários para irem às ruas dos subúrbios e “quebradas”, iniciarem os processos de “conscientizações políticas indiretas”, estimulando os moradores locais a se organizarem em torno dos seus próprios interesses.
Os trabalhos voluntários desses promotores da cidadania serão identificar alguns possíveis interessados nesses locais, identificar as aspirações fundamentais desses moradores, convidá-los para reunião em local a se escolher em função das conveniências locais, apresentar o trabalho, destacando que o mesmo não têm vínculos políticos, estimulá-los a exporem suas experiências de vidas e mostrar-se disposto a auxiliá-los nas escolhas, sejam elas quais forem.

Entra-se na fase em que os participantes expõem e discutem ideias e propõem soluções.

Já levantadas todas as possíveis soluções mais apropriadas para os problemas vivenciados pela maioria deles em seus dia-a-dias, é chegada a hora de estimulá-los a discutirem solução por solução.

Para tornar os tempos das discussões os menores possíveis, os promotores da cidadania orientam aos integrantes da organização reunir aquelas soluções com alguma semelhança entre si num mesmo grupo.

Para ganhar mais tempo ainda nas discussões, criam-se tantos grupos de discussões quantos forem os grupos de soluções propostas e cada grupo de integrantes são estimulados a escolherem sua melhor solução.

Cada solução apresentada por cada grupo voltam a ser discutidas do ponto de vista de qual objetivo se deseja atingir, de que forma ela será posta em prática, privilegiando sua simplicidade, facilidade em ser posta em praticada e destacar outras questões, no momento e de acordo com a realidade que o objetivo requer.

Finalmente, dessa forma, estará sendo respeitado o principal critério de tirar o menor número possível de soluções. Esta providência ajudará selecionar sempre poucas soluções, mas de amplo alcance. Isso facilitará sempre chegar a uma pauta pequena e capaz de atender às expectativas da maioria dos presentes.
  
É que, atuar em todas as frentes sociais e políticas é o caminho mais curto, para se levar as lutas negras antirracistas ao fracasso político, por causa da usual falta de união necessária, para se obter as nossas tão sonhadas relevâncias social e política, conforme a realidade insiste em nos mostrar e nós insistimos em não aceitarmos as causas.

Assim, finalmente a organização em questão terá – preferencialmente - alguns objetivos de luta e argumentos para defendê-los perante sua rua, seu bairro etc e saberá identificar similaridades de objetivos capazes de unirem organizações diferentes numa mesma cidade, região, Estado e junto com outras organizações de Estados diferentes. O mais importante ainda é que, em cada nível de discussões desses, irão surgindo naturalmente aqueles potenciais candidatos a líderes capazes
de representarem as organizações legitimamente nos diferentes níveis de discussões.

Pode-se destacar a importância do surgimento de lideranças sociais e políticas, surgidas durante esses processos de organizações, com suas raízes ficadas em bases pobres e, por consequências, amplamente negras.
Essas bases pobres e, por consequências, amplamente negras – graças aos avanços dos processos de organizações para a cidadania – terão a tendências de,  pouco a pouco, irem aprendendo como se organizarem em benefícios próprios, o que é a política, como escolher, votar e fiscalizar as ações dos seus representantes em quaisquer lugares em que houver necessidades de essas lideranças representarem seus eleitores e os interesses desses mesmos eleitores.

Como uma das nossas mais importantes preocupações deste será levar mais cidadania para os subúrbios e quebradas brasileiros, este formato de trabalho é a melhor arma que os adeptos das lutas negras antirracistas têm, para vencer os obstáculos que as grandes mídias impõem à disseminação de ideias que satisfazem aos interesses e ainda se constitui numa excelente oportunidade de exercitarmos nossas capacidades de construirmos nossas autonomias ideológicas e políticas em relação às direita e/ou esquerda. É que tanto a direita quanto a esquerda já demonstraram cabalmente suas incapacidades de serem capazes de resolver os problemas que afligem a Negritude brasileira antes, agora e no futuro.

Finalmente estejamos atentos àqueles que tentarão nos desanimar dessa nossa empreitada, usando os mais diversos argumentos, porque o que nossos inimigos mais temem é perderem o poder que até hoje tiveram para nos imobilizarem social e politicamente, controlando-nos sob as mais variadas e disfarçadas formas, sendo a principal delas desenvolver em nós o sentimento de sermos inferiores a eles.

Os controles que exerciam sobre nós começaram a ruir, com o surgimento das redes virtuais, acompanhada de u’a massa de negros educados e comprometidos com os nossos interesses sociais, culturais, econômicos e políticos e que, ao mesmo tempo, estamos vislumbrando formas alternativas de ultrapassarmos as barreiras que o Racismo Institucional e as grandes mídias impuseram até agora às nossas necessidades de comunicações em larga para disseminar nossas ideias.

As barreiras impostas pelo Racismo Institucional e as grandes mídias podem ser ultrapassadas construindo um Pensamento Político para a Negritude Brasileira. Esse Pensamento nos orientará sobre como trabalhar a formação de voluntários orientadores de organizações de associações para disseminação de conceitos de cidadania entre os pobres, entre os quais a maioria é negra.

O segredo desse trabalho é - com apoio de um Pensamento Político para a Negritude Brasileira - ir formando voluntários dispostos a, inicialmente, trabalhar com pequenos grupos de integrantes dispostos a serem novos voluntários e ir para as ruas  mostrar como os adeptos das lutas negras antirracistas podem ser úteis auxiliando na orientação de como solucionar – na prática - problemas vivenciados pelos pobres, dentre os quais a maioria é negra.

Conforme se pode perceber, ficar-se nos lugares comuns generalizando que “os negros brasileiros não progridem, porque são desunidos”, “negros não gostam de negros”, “negros pensam que são brancos” e... Haja desculpas para não se procurar informações, pensar sobre os conhecimentos obtidos, formar opiniões sobre esses conhecimentos, interagir com pessoas afins, fazer propostas, discutir tais propostas, tirar conclusões e, em grupos, selecionar aquelas conclusões que tendem satisfazer a maioria daqueles que as tiraram, estabelecer objetivos e ir p’ra rua trabalhar focados nesses objetivos, isto sempre vai gerar grandes resistências apoiadas naqueles “lugares comuns” colocados por negros, assim como também por racistas e seus simpatizantes.

Felizmente começa surgir entre os adeptos das lutas negras antirracistas a percepção de que a Negritude, para adquirir relevância política no Brasil, não é necessária aguardar que todos os potenciais negros brasileiros adiram à ideia de Negritude. Para isto existe o conceito de Massa Crítica(*) de Adeptos da Negritude no Brasil...
(*)“... Massa crítica de adeptos da Negritude se refere à quantidade de integrantes que estão de acordo sobre algumas ideias fundamentais de interesses comuns e são capazes de formalizarem posições políticas comuns que, na prática, são capazes de fazer diferença quanto a questões mal resolvidas ou sem solução, mas que, nos ambientes sociais em que tais integrantes vivem, suas propostas são percebidas e aceitas  como alternativas de soluções para os problemas  sociais, culturais, econômicos e políticos vividos pelos habitantes de tais ambientes.” ... Veja mais sobre isto em  http://digiartesgraficas.blogspot.com.br/2015/03/a-negritude-brasileira-e-sua.html




2 comentários:

Unknown disse...

Esse caminho mais tarde, nos levaria a fundação de um partido político...que é onde tenho reservas.Talves por falta de conhecimento, sei lá.Simpatizo com a idéia de uma associação, um instituto , uma fundação com força pra fazer pressão política sem contudo tomar parte dela. Saturado de ver lideres a frente de movimentos negros usando nossos irmãos como massa de manobra. E o pior: são "gente que sairam de nosso meio".Tem de haver outra forma...

José Antônio Teodoro disse...

Fernando, em função do seu comentário acima, gostaria de convidá-lo a fazer parte do grupo "Discussões Restritas", onde, há mais ou menos 3 meses há discussões alternativas de ações sociais e políticas em periferias sem, necessariamente, levar à fundação de um partido político. A prioridade é trabalhar para que os moradores desses locais "andem com as próprias pernas" e, assim, possibilitem o surgimento de ( pelo menos vereadores...) políticos com raízes nesses locais. Trabalhos como os que se defende nesta postagem levam à compreensão de como cada um constrói sua própria cidadania em comunhão com os interesses dos demais, sem precisar de fundação de partido político. No decorrer do tempo, a eleição de vereadores eleitos enraizados e representando comunidades faz os eleitores compreender mais facilmente como se controla políticos eleitos com seus votos... Essas ações com essa finalidade seria tão pedagógicas que facilmente se enxergaria como se controla ações de Prefeitos, Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores e o Governo Federal. Se vc se interessar em discutir conosco no grupo acima citado, por favor manifeste no meu e-mail - jateque@gmail.com. Lá suas opiniões seriam bem-vindas e tratadas com respeito.

 

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