RACISMOS ESTRUTURAL E INSTITUCIONAL E OS DIREITOS E
DEVERES UNIVERSAIS
(José Teodoro Costa)
Quem apenas adere, depois não pode reclamar daquilo que
não ajudou modificar...
A única sociedade da qual pretas e pretos aceitam fazer
parte de forma livre e espontânea só pode ser aquela que ativamente
colaborarmos em construir. Fora isso apenas seremos coagidos a cumprir nossos
deveres e aceitarmos as migalhas nas quais os racismos estrutural e
institucional não tiverem interesses.
No Brasil, em se tratando de direitos e deveres universais
das pessoas, enquanto nós, pretos e pretas, insistirmos em não aprender que
existem direitos fundamentais coletivos, direitos setorizados coletivos e
direitos pessoais, assim como deveres básicos coletivos, deveres setorizados
coletivos e deveres pessoais, não conquistaremos nossos lugares às mesas de
negociações onde eles são propostos, discutidos e decididos os interesses de
todos os brasileiros. Concretamente direitos e deveres coletivos têm
prioridades sobre direitos e deveres setoriais, que por sua vez têm prioridades
sobre direitos e deveres pessoais.
Nestes casos sempre haverá contradições entre o que nós,
pretos e pretas queremos e entre aquilo que nos será impostos.
Na minha opinião, Malcolm, King e Garvey nos ajudam,
quando assimilamos suas mensagens.
A questão é que, às semelhanças existentes entre
ambientes históricos e ambientes biológicos que, por sua vez estão subordinadas
aos ambientes geográficos para efeitos de adaptações necessárias à
sobrevivência, seja essa sobrevivência ligada ao ambiente social, cultural, econômico
e político, se quisermos ser pretos e pretas capazes de exercitarmos nossas
criatividades em organizações sociais, assim como, também, interferimos nas
alterações culturais, econômicas e políticas, é urgente que aprendamos valorizar as aquisições
de informações e sermos capazes de formularmos nossas próprias opiniões para,
assim, construímos conhecimentos pessoais e coletivos adaptados às necessidades
coletivas nossas como pretos e pretas que precisam de aprender como se vive nos
diversos ambientes brasileiros, sejam eles de natureza social, de natureza
cultural, de natureza econômica e de natureza política.
A única sociedade da qual pretas e pretos aceitam fazer
parte de forma livre e espontânea só pode ser aquela que ativamente
colaborarmos em construir. Fora isso apenas seremos coagidos a cumprir nossos
deveres e aceitarmos as migalhas nas quais o racismo estrutural não tiver
interesse.
Portanto, companheiros e companheiras, procuremos
expandir nossos respectivos níveis de informações e de conhecimentos, para,
assim, melhorarmos as qualidades das ideias que tivermos e as qualidades das
propostas que fazemos para discussões; assim poderemos chegar a conclusões
adequadas às nossas necessidades coletivas de pretos e pretas.
Para retiradas de conclusões adequadas às necessidades
pretas brasileiras, temos que aprendermos fazer ligações entre as várias
informações que tivermos.
Sabendo interligar informações de forma adequada nos
tornaremos cada vez mais hábeis em tirar ou ajudar em retiradas de conclusões
e, assim, também, gerar novos conhecimentos adaptados às respectivas
necessidades de usos e adaptadas ao que, de fato, precisamos.
Pretas e pretos, se quiserem, de fato, colaborarem na
construção de uma sociedade menos desigual no Brasil, não têm outro caminho que
não seja se informar, formar opinião, cultivar convicções baseadas em
conhecimentos e terem a coragem de defenderem suas convicções e, mudando essas
mesmas convicções pessoais somente quando estiver plenamente convicta de que
não tem mais condições de defender suas posições perante a luz de novos fatos
que desconhecia antes.
Sem convicções baseadas em conhecimentos caímos nos
adesismos fáceis das ideologias, tanto da direita conservadora, quanto da
esquerda ortodoxa avessa a militantes informados e, por isso mesmo,
questionadores e mais aptos a levar as lutas mais adiante e de formas autônomas
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