“NEGROS E NEGRAS TRAIDORES DA PÁTRIA”
(José Teodoro Costa)
Política partidária é a forma que as sociedades civilizadas,
em todas as culturas, arranjaram para solucionarem suas disputas de interesses
de classes “sem partir para os conflitos belicosos de fato’ ...
A questão é que, por intermédio de artifícios
historicamente sempre renovados de formas unilaterais, uma parte, já,
privilegiada por heranças de classe nessa mesma sociedade, deixa de preparar a
maioria dos seus concidadãos para fiscalizarem diuturnamente as obrigações
desse mesmo Estado, para, assim, mais facilmente sequestrar os direitos
fundamentais da maioria dos seus demais conterrâneos, com o objetivo de se
perpetuarem no controle dessas mesmas instituições e obrigarem aos demais
cumprirem somente seus deveres.
Assim, permanentemente, temos uma parte de
privilegiados privatizando os lucros produzidos por todos e socializando os
prejuízos que suas incompetências em administrarem os bens públicos produzirem.
Este é o caso do Brasil, onde aqueles privilegiados
que têm pouco apreço pelos seus demais concidadãos, há mais de quatro séculos,
exercitam esses controles institucionais em benefícios próprios e renovados
gerações após gerações dentro das mesmas famílias.
Esses privilegiados dão mostras indisfarçáveis de
não quererem administrar o Brasil em benefício de todos os brasileiros, resistindo
por todas as formas, sejam elas lícitas ou ilícitas, que estiverem aos seus alcances.
Para eles, até agora, esse controle, culturalmente, é um jogo no qual somente
eles vencem.
A maioria dos brasileiros ainda não conseguiu
equilibrar esse jogo do Poder Cultural, do Poder Social, do Poder Econômico e
do Poder Político, porque, de fato, as Instituições Educacionais Brasileiras,
em quaisquer níveis, nunca quiseram fazer essa preparação.
Dentre aqueles que poderiam ajudar ao povo
brasileiro “equilibrar esses jogos”, eles foram ideológica e de formas
sorrateira e/ou institucional, nos níveis municipais, estaduais e federal,
cooptados, ou, na impossibilidade de serem cooptados, em último caso, têm suas
integridades físicas ameaçadas pura e simplesmente.
Ainda que façam cursos superiores e se
especializem, educacional, profissional e culturalmente em níveis cada vez mais
elevados, esses poucos dos nossos, por inúmeras razões sobre as quais em outra
ocasião abordaremos, não colaboram para o aprimoramento constante das instituições
sociais e políticas a favor do equilíbrio social, cultural, econômico e
político da cidadania no Brasil; neste caso, minha hipótese é que aceitam
implicitamente essas situações desfavoráveis, quando fazem leituras equivocadas
das experiências institucionalmente socializadoras pelas quais passam...
Pode-se,
facilmente, verificar que, dentre os brasileiros, nossos adversários estão em
menor número, e, ainda, assim, detêm o controle total das instituições que
regulam as vidas de todos nós, e sempre em prejuízo dos interesses da maioria
do povo.
Para a sociedade brasileira sair desse impasse
temos, então o caminho do aprendizado de como fazer organização social e,
dessa, passar para o aprendizado de como fazer política partidária, uma vez que
é mais fácil, aprender fazer esse tipo de política a favor do povo brasileiro
do que convocar esse mesmo povo para se lançarem numa Guerra Civil de resultados
imprevisíveis...
Ainda que o povo brasileiro seja destituído
institucionalmente de seus direitos mais básicos e elementares, sendo, porém,
unilateralmente obrigado pelos poderes constituídos, a cumprir deveres, sem
nenhuma contrapartida em direitos, com força de vontade, muito empenho e
determinação de alguns, temos condições concretas de ir corrigindo essas distorções
ao longo do tempo, assim como, também, evitar conflitos bélicos com desfechos
imprevisíveis, e, ainda, por tabela, como já está acontecendo há muito tempo,
numa espécie de “Guerra Civil Não Declarada”, ainda teríamos inúmeros negros e
mestiços matando outros negros e mestiços, em nome de uma pseuda unidade da
pátria, na qual "negros/mestiços e negras/mestiças rebeldes" seriam chamados,
inapropriadamente, e de forma unilateral, como "traidores da pátria"
...
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